Álvaro de Campos
Não sei qual é o sentimento, ainda inexpresso, Que subitamente, como uma sufocação, me aflige O coração que, de repente,Entre o que vive, se esquece.Não sei qual é o sentimento Que me desvia do caminho,Que me dá de repente Um nojo daquilo que seguia,Uma vontade de nunca chegar a casa,Um desejo de indefinido.Um desejo lúcido de indefinido.
Quatro vezes mudou a estação falsa. No falso ano, no imutável curso. Do tempo consequente; Ao verde segue o seco, e ao seco o verde,E não sabe ninguém qual é o primeiro,Nem o último, e acabam.
...o mesmo.
Começo a conhecer-me. Não existo. Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram, ou metade desse intervalo, porque também há vida ... Sou isso, enfim ... Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor. Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo. É um universo barato.
Ahh!as pessoas me inspiram, respiram, sorriem.
Passe as mãos nas minhas coxas, para que eu possa me sentir viva, me beija, mas com vontade, assim tua vontade será a minha também. Desde que a lua era cheia, às núvens fofas como algodão, o dia nublado, a chuva fina, o trovão, a dor nas virilhas. Eu ainda durmo de janelas abertas.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
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